segunda-feira, 29 de junho de 2009

Mulheres Perfeitas

A revolução das mulheres (acelerada pela revolução industrial) trouxe um reposicionamento no comportamento masculino, o que não é novidade. Os homens aprenderam a cuidar de suas casas. O que hipoteticamente deveria trazer como contrapartida um re-reposicionamento feminino: divididas as tarefas, caiamos todos na gandaia.
E é aí que a coisa se complica, pois a gente percebe que o que seria, ou teria sido, em princípio, um comportamento cultural, acaba virando neurose. Tem mulher que simplesmente não consegue levantar da mesa e cair na farra, a louça fica chamando da pia – como se tivesse ondas ultrassônicas conectadas diretamente ao seu cérebro.
Claro que não é fácil pra ninguém achar tempo para equilibrar trabalho com os cuidados necessários para manter a casa – leia-se alimentação, corpo, saúde, enfim – funcionando. Os homens acabam pecando pelo comodismo de serem desleixados, por terem tido, por séculos, a Maria cobrindo a retaguarda. Sem contar que não tão nem aí se ficarem barrigudos, grisalhos ou, porque não dizer, verdadeiros bagulhos que mais parecem pais de suas mulheres.
E não estou aqui a falar das minorias antenadas em ambas as frentes, é bom esclarecer.
Tem mulher que aprendeu o caminho do bar na happy hour e homem que não esquece de passar no super antes de voltar.
E esses, com toda certeza, terão menos chance de verem pratos voando ou de terem que dividir a guarda dos filhos.
A mulherada tem que aprender que a louça espera, que não precisa se sacrificar nem atormentar o pobre do companheiro como se a casa fosse uma sucursal de algum quartel nazi. E os caras têm que deixar de serem eternos bebezões-mangolões esperando pela mamãe.

A gente tem que dividir trabalho e... prazer!
Há uma linha muito tênue que perpassa entre a responsabilidade e a culpa, que antes se apresenta na forma de neura.
Eu mesmo, tenho que aprender a negociar comigo, antes de com mais alguém, o meu tempo e as minhas prioridades. E não é fácil...
Mas sem o prazer a gente não se renova. O Domenico de Masi, no seu brilhante O Ócio Criativo aposta em que as mulheres estariam mais preparadas para esses novos tempos, em que o lazer ou prazer aparece como protagonista em nossas vidas. Não sei. Antes vão ter que descobrir a sua importância, ou necessidade.
Vejo as mulheres se atirando em massa para tarefas maçantes e chatas. Tem muita mulher criadora, artista, sem dúvida, mas uma quantidade enorme de produtoras, com todos os deveres do backstage e sem a glória das luzes. Muitas produtoras nos programas de telejornalismo e poucas ocupando a frente das câmeras... E quando a ocupam, lastimavelmente, é menos por seus atributos intelectuais. Mas isso é outra história.
Conheço mulheres que, na véspera do dia da faxineira, chegam a dar uma geral na casa!!!... E faxineiras – já tive umas quantas assim – que reclamam do estado em que está o lugar (e não era nenhuma cabana de ogro), mas que, para seus clientes homens, deixam até um bolinho pronto.
As propagandas também não ajudam... Já viu aquela da pobre desgraçada-masoquista-burra se despentelhando pela rua e ligando para o marido (que tá numa boa em casa): Querido, faz um favor pra mim (!?)... liga o forno.
Tem uma nova, na qual o cara fala: - Querida! Tem que trocar o refil! (aquela coisa nojenta, e desnecessária, que fica no vaso sanitário) O lindinho não pode sujar as delicadas mãozinhas. Adoro!!! (quem os marqueteiros pensam em atingir com essa visão tão inovadora?)
Nos bons tempos da revista Cláudia, tinha uma secção que entregava propagandas desse porte. Tô até pensando em ressuscitá-la aqui no Barrados.
E tem até os grandes atos de masoquismo cinematográficos: como aquele da troca do tudo-de-bom Keanu Reaves pelo celulitésimo Jack Nicholson no Alguém tem que ceder... É de espantar que tenha sido dirigido por uma mulher, e já vi até mulher defendendo a escolha...

Um comentário:

  1. Que mãe não é nenhuma entidade!
    Que eu sou uma mulher que trabalho,transo,choro,tenho raiva,danço rock,etc.
    Que ele tem que aprender a sobreviver sozinho,e isto significa saber cuidar do próprio corpo,comida ,roupa e ser responsável por TODOS seus atos.Mas desconfio que existe um dna machista!!!!É impressionante como ele olha prá mim de uma maneira esquisita,como seu eu fosse um ET!!
    E olha que ele só foi criado por mim!!!

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